De acordo com o Conselho da Europa, “com o desenvolvimento da tecnologia social ontemporânea, estamos testemunhando um novo fenômeno: poluição da informação em escala global”, em que os impactos a curto e longo prazo são difíceis de quantificar, porém preocupantes. Em 2017, Claire Wardle, publicou o relatório Desordem da informação: rumo a uma estrutura interdisciplinar para pesquisa e elaboração de políticas como uma tentativa de analisar esse distúrbio e entender qual é a melhor forma de lidar com a poluição da informação.
Segundo ela, a Desordem da Informação se divide em três diferentes tipos: informação incorreta, des-informação e mal-informação, na tradução feita pelo Manual da Credibilidade.
Dentre toda essa poluição da informação, Wardle (2017) também trouxe o conceito de ecossistema desta desordem, que foi separado nos sete tópicos abaixo.
Além da tabela de Wardle, acrescentamos mais um tópico importante: a Infodemia. De acordo com o dicionário Priberam da Língua Portuguesa, a palavra significa o "excesso de informação sobre determinado tema, por vezes incorreta e produzida por fontes não verificadas ou pouco fiáveis, que se propaga velozmente". O fenômeno é prejudicial, pois ao propagar um volume muito grande de notícias, muitas vezes as corretas, apuradas e contextualizadas não têm a mesma divulgação do que as incorretas ou inverídicas. Além de o fenômeno gerar ansiedade e nervosismo na população.
Além de entendermos qual é o fluxo da informação atualmente, precisamos também entender como nós interagimos com elas. Poucas décadas atrás, receptores/consumidores de notícias e informações divulgadas pela grande mídia não possuíam instrumentos para produzir, divulgar e difundir informações massivamente. Com os recursos digitais mais recentes, transitamos entre os papéis de receptor, produtor e propagador de conteúdos em redes, sem que tenhamos sido preparados para isso.
Então, como ser responsável com a informação que consumo e compartilho? O primeiro passo, segundo Chapman (2017), é desenvolver uma leitura crítica das mídias. O que significa, resumidamente, desenvolver a capacidade de compreender o formato, o objetivo e as ferramentas utilizadas para produzir o conteúdo que consumimos e, consequentemente, identificar conteúdos maliciosos. Para isso, utilizaremos os pilares desenvolvidos pelo Projeto Ler e Pensar, baseados em teorias relacionadas à interface Comunicação/Educação, para separar a interação com as mídias e as tecnologias em três pilares:
● Mídia como Recurso Pedagógico - a primeira abordagem é chamada de educação COM a mídia. Nela, os conteúdos midiáticos (matérias ou reportagens jornalísticas, anúncios publicitários, publicações em meios digitais etc.) são utilizados como recursos pedagógicos. Ao entendemos aqui pedagogia como uma ação ampla, que pode acontecer em ambiente escolar ou fora dele, contemplando processos de ensino e de aprendizagem para a vida, lançamos nosso olhar para o jornalismo como fonte para compreensão de contextos e opiniões, para a publicidade como fonte de análise de práticas de consumo ou para as mídias sociais como espaço de troca, por exemplo.
● Mídia como Forma de Expressão – a segunda abordagem, é chamada de educação PELA mídia. Ou seja, é uma forma de trabalhar a expressão dos jovens para que se tornem protagonistas na produção de conteúdos. No papel de autores, os jovens desenvolvem ainda mais sua criticidade e exercitam sua argumentação e posicionamento acerca de diversos temas.
● Mídia como Objeto de Estudo - a terceira abordagem é chamada de educação PARA a mídia. Ela permite uma preparação para que os jovens façam uma leitura ampla e crítica a respeito de um assunto específico e de tudo o que é veiculado pelos meios de comunicação. Significa ler as entrelinhas e ir além do óbvio e do explícito. Mais do que isso, significa conhecer os meios, suas características, linguagens e formas de produção. Para o MídiaBox, portanto, nos respaldamos nas concepções acima, e detalhamos na matriz abaixo exemplos de ações/tarefas que poderiam ser disponibilizadas nos cards.
Vai colaborar com conteúdo para o projeto? Atente-se à linguagem, que deve ser direcionada a jovens entre 10 e 16 anos, aproximadamente, e, se estiver na dúvida sobre a temática, apoie-se na matriz a seguir.
CHAPMAN, MARTINA. Fake news, echo chambers and filter bubbles: what you need to know. Better Internet for Kids. Londres, 29 jun. 2017. Disponível em: https://www.betterinternetforkids.eu/web/portal/practice/awareness/detail?articleId=1990814. Acesso em 6 ago. 2020.
PROJETO CREDIBILIDADE. A desordem da informação. São Paulo, The Trust Project, 2017. Disponível em: https://www.manualdacredibilidade.com.br/desinformacao. Acesso em 6 ago. 2020.
WARDLE, Claire; DERAKHSHAN, Hossein. Information disorder: toward an interdisciplinary framework for research and policy making. Estrasburgo: Council of Europe, 2017. Disponível em: https://rm.coe.int/information-disorder-toward-an-interdisciplinaryframework-for-researc/168076277c. Acesso em 6 ago. 2020.
COM A MÍDIA | PELA MÍDIA | PARA A MÍDIA | |
Conteúdo enganoso | Procure em uma rede social ou site uma matéria que aparente ter a intenção de prejudicar alguém ou algum grupo (não necessariamente mentirosa). Para tirar a prova, busque outra publicação sobre o mesmo tema em um site jornalístico sério e compare os dois textos. | ||
Conteúdo impostor | Busque um perfil ou página em uma rede social que tenha postado ao menos um conteúdo mentiroso como se fosse algo verdadeiro. Dica: atente-se aos elementos próprios da rede social (símbolo de página oficial, quantidade de seguidores, comentários nos posts etc.). | ||
Conteúdo fabricado | Invente um acontecimento curioso e divulgue a informação mentirosa por meio de um app de mensagens (se você não usar, peça para um familiar postar). Perceba se a mentira se espalhou e quantas pessoas já estão sabendo. Depois, não se esqueça de desmentir a informação. | ||
Falsa conexção | Procure na internet algum site que use títulos chamativos e quando você abrir a matéria, o texto não condiz com que estava na chamada. Dica: normalmente essas chamadas e imagens aparecem no meio ou ao final de um texto, como se fosse um conteúdo relacionado. | ||
Falso contexto | Poste uma notícia de 2 anos atrás em um grupo de app de mensagem (se você não usar, peça para um familiar postar) dizendo que aconteceu ontem. Perceba se as pessoas acreditaram na informação ou se contestaram a data. Depois, não se esqueça de desmentir a informação. | ||
Conteúdo manipulado | Procure na internet o que é deepfake e entenda como ela é produzida, qual a sua intenção e busque algumas criações que pareçam bem reais. | ||
Sátira ou paródia | Crie uma paródia (em texto e/ou imagem) sobre um assunto polêmico do seu bairro e poste em alguma rede social sua e/ou da Escola em que estuda. Se você não tiver conta em uma, peça para um familiar postar. Acompanhe os comentários. | ||
Infodemia | Escreva em um papel como se sente ao acordar. Ao longo do dia, leia, veja e/ou ouça diversas notícias sobre um mesmo assunto que seja incômodo para você. Ao final do dia, escreva novamente como se sente e perceba os efeitos do excesso de informações para você. |
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